Minha tentativa em ser uma Mulher Segundo o Coração de Deus!

"Na verdade sei que assim é; porque, como se justificaria o homem para com Deus?" (Jó 9: 2)

Tenho vivido um tempo de difíceis verdades dentro de mim: nos meus relacionamentos, na minha forma de ver a vida, e no meu relacionamento com Deus.

A religião e a vida na igreja, podem se tornar uma grande cilada na nossa jornada espiritual, e podemos nos afastar da verdade sem nem sequer nos dar conta disso. Quando achamos uma igreja (clube!) em que nos sentimos aceitos, concordamos com o que é pregado, vemos resultados na nossa vida, fazemos amigos, etc..., nos adequamos às regras daquele grupo e sem percebermos nos tornamos uma tribo... nos vestimos de forma parecida, temos sonhos parecidos, linguajar “ tribal” e assim vivemos nossa vida. De púlpito recebemos propostas e instruções de como devemos gerenciar nossas vidas, e buscamos colocar isso em pratica, e glória a Deus, aleluia, assim segue a carruagem!

O problema é quando nos esforçamos um pouco mais para colocar realmente o que é ensinado em prática, e uma insatisfação que não pode mais ser escondida começa a tomar conta do nosso interior.

Para sair da teoria, vou testemunhar nos detalhes da minha vida, para que a verdade que está em mim possa te ajudar a encontrar a verdade que está em você.

Resolvi me empenhar mesmo em ser a mulher que a Bíblia me convida a ser, e esse processo de dedicação vem acontecendo nos últimos três anos da minha vida. Especificamente, tenho me dedicado a ser a esposa que ama o seu marido e manifesta isso nas atitudes do dia a dia. Por ex: fazendo o prato dele em todas as refeições, recolhendo suas coisas espalhadas, buscando ser verdadeiramente submissa e tantas outras coisas mais. Tito cap. 2, também diz que devo ser uma boa dona de casa, coisa que sempre me considerei ser, mas excelência é bem diferente, e nesse quesito ainda estou no patamar da consciência aliada à impotência, ou melhor, dizendo, sei o que devo fazer para melhorar, mas não encontro motivação para fazê-lo!

Talvez o ponto que mais tenho me dedicado seja ser uma mãe amorosa e prestativa, e com certeza é nesse ponto que consegui ser mais constante na minha oração, e onde mais obtive resultados. Hoje não tenho mais as explosões de raiva que tinha depois de um dia de exaustão, sou mais paciente e tenho curtido mais o papel de mãe, mas ainda não atingi a excelência... adoraria brincar de verdade com elas, e não, fingir que estou brincando como geralmente faço... adoraria ter um tempo de devocional com elas e não somente orar por elas como faço sempre como mais um item das obrigações que me impus no rol das responsabilidades que compõem a mulher que acredito ter que ser.

Enfim tenho passado os últimos anos administrando as frustrações de nunca conseguir ser, ao mesmo tempo, a esposa (amante), serva, dona de casa, mãe amorosa, mulher espiritual e ter uma vida devocional. Geralmente consigo ser uma delas por vez, então vou fazendo rodízio, uma semana, sou amante e para isso preciso estar descansada e de bom humor, na outra sou uma excelente dona de casa, o que me deixa cansada, outra semana me dedico a ser a esposa serva, que me deixa de muito mau humor, e na outra semana me dedico a ser uma excelente mãe, o que me deixa mais impotente de todas e me leva a buscar a Deus, então descubro que a várias semanas não tenho uma vida devocional de qualidade e buscando ao Senhor me decido a ser novamente a mulher que a Palavra de Deus me convida a ser, e então adivinha...começo de novo! O meu ciclo de tentativas...

É claro que não tive clareza dessa realidade patética durante todos esses anos, no inicio acreditava que estava fazendo um excelente trabalho. Mas na verdade estava envolvida em mais um projeto que meu ego havia se proposto a realizar. Já me dediquei a ser bonita, a ser inteligente, a ser uma boa profissional, a ser prospera, e obtive êxito em quase todos esses projetos... Mas em ser uma mulher segundo o coração de Deus comecei a encontrar dificuldades... Então no inicio desse ano resolvi me aprofundar dentro de mim, para saber por que estava tendo essas dificuldades, e quão terrível foi descobrir que no fundo eu não queria ser essa mulher, simplesmente não queria ser... no fundo adoraria poder me dedicar a ler bons livros (coisa que amo fazer), adoraria poder ficar na rede, tomar banhos bem demorados, ouvir muitos cd´s de pregação, comer chocolate, tomar coca-cola muito gelada e... ser todas essas mulheres que tenho que ser somente quando tivesse vontade.

Depois de descobrir que eu não queria ser essa mulher, encontrei raízes de amargura, encontrei medos muito enraizados, encontrei vaidade, inconstância, imaturidade e um monte de egoísmo... e só então comecei a ver com outros olhos o tal do caminho estreito... e que essa conversa de morrer pra si mesmo é de verdade mesmo, e que não serei a mulher que Deus me chama a ser, se não decidir morrer, pois está insuportável fingir ser essa mulher... é muito estressante!

Num dos dias em que estava imersa nessa crise existencial, resolvi pesquisar na internet blogs que se propunham a discutir esse dilema da dona de casa, mãe e esposa cristã, e qual não foi minha surpresa quando depois de algum tempo, lendo uma reflexão de uma senhora cujos filhos já haviam saído de casa, me deparei com a seguinte afirmação “Se uma mulher quiser ela consegue sim dar conta de tudo, ela só precisa querer de verdade, Deus nos projetou para fazermos muitas coisas ao mesmo tempo, é só uma questão de organização e dedicação”, e nesse momento Deus me mostrou que o que eu chamava de impotência, Ele chamava de preguiça!

Enfim... na verdade sei que assim é porque, como se justificaria o homem para com Deus?

       Daniela Flieger Nascimento

(lider do ministério Mulheres nas Mãos do Oleiro)